Clubes denunciam má gestão dos fundos que leva a morte do futebol em São Tomé e Príncipe

São Tomé,12Janeiro2023 -(Jornal31) – A denuncia de má gestão dos fundos da federação são-tomense de futebol, poderá comprometer- o início da nova época desportiva em São Tomé e Príncipe. Apurou este diário que o governo se apropria do relatório que foi denunciado pelos clubes junto a FIFA e a CAF. Os clubes denunciam buraco financeiro que não os atletas e as equipas.

Em representação dos dezassete clubes de futebol, Posik Espírito Santo, Presidente do Club Sardinha Caça de Água Izé, disse que o relatório de contas referente ao 2021/2022 contém “falhas graves que indiciam má gestão dos fundos”, que no seu entender “não beneficia os clubes e os atletas.”

Ele próprio assegura que essas práticas “esta a levar a morte do futebol”, em São Tomé e Príncipe.

Este dirigente explica, que o relatório rejeitado por dirigentes de 17 clubes de futebol submetido à FIFA (Federação Internacional de Futebol) e a CAF (Confederação Africana de Futebol), para homologação contem várias “incongruências”.

Posik Espirito Santo, Presidente do Clube Sardinha Caça de Agua Izé

“Algo caricato quando se fala que se tem motorizada no valor 675, 877 mil dobras. Isto implica dizer que temos uma frota de motorizadas?”.

O documento elenca bens, serviços e equipamentos que adquiridos cujo paradeiro desconhece-se”, diz este dirigente desportivo. Desapontado com a má gestão na federação Posik, questiona: “Se temos frota de motorizadas, não podemos apresentar mais tarde noutra folha de amortização que alugamos motorizadas no valor de 27 mil dobras cerca de mil euros?”. 

As irregularidades são várias, Posik aponta que o relatório contém despesas de campeonatos que nunca foram realizados em São Tomé e Príncipe.

“Campeonato sénior feminino foram gastos 144 mil dólares e o campeonato de futsal. Apoio ao campeonato as equipas da primeira divisão, corresponde a dois milhões 678 mil pegando neste valor dividindo por 18 clubes estamos a falar de sete mil euros por cada equipa, “afirma.

O Presidente do clube Sardinha Caça de Água-Izé diz que a sua equipa recebeu apenas “40 mil dobras cerca de dois mil euros, incluindo matérias desportivos”. Mas o relatório de contas da Federação avança que as equipas receberam dobro do valor.

O relatório que é descrito como sendo “morte do futebol” foi auditado pela “Globos”, uma empresa que segundo Posik, não existe no registo das “Finanças de São Tomé e Príncipe.”

Não obstante a autenticidade da empresa, ela recomenda que sejam corrigidas diversas anomalias verificadas nomeadamente, pagamentos de passagens áreas, sem comprovativo, pagamentos a segurança social, sem que haja, no entanto, registo de funcionários, “considerados funcionários “fantasmas.” Posik pede a intervenção da Segurança Social, para auditar a nível as contas da federação são-tomense de futebol.

Governo fiscaliza Federação de Futebol

Várias fontes contactadas por este diário digital confirmam que o Governo está a apropriar-se do relatório contestado pelos clubes de futebol. As mesmas fontes avançam ainda que clubes formalizaram uma intervenção dos dois organismos internacionais que gerem o desporto rei no sentido resolver o problema.

Na assembleia extraordinária em que foi aprovado o referido relatório de contas da fsf, não foi agendada a realização da próxima Assembleia Geral Eletiva da federação. Os clubes entendem que se trata-se duma estratégia para prolongar o mandato da direção liderada por Domingos Monteiro.

Ora estarão os clubes desportivos interessados em participar na próxima época desportiva?  Perante este cenário qual será o nível de intervenção do governo?

Domingos Monteiro, atual Presidente da Federação São Tomense de futebol, foi uma das figuras importantes que contribuiu para eleição de cinco deputados à Assembleia Nacional nas eleições legislativas de 25 de julho.

O Movimento de Cidadãos Independentes de Cauê, declarou o apoio parlamentar ao Governo da ADI (ação democrática independente), que reforça a sustentabilidade do atual executivo. No entanto, analistas admitem que a intervenção do Governo não será sancionatória, antevendo as consequências políticas.

 Missão especial da Fifa

A situação do futebol em São Tomé e Príncipe e do conhecimento da Federação Internacional de Futebol. Em outubro do ano passado, Atanásio Nkubito, instrutor deste organismo disse na ocasião que a intervenção da fifa deveria acontecer antes da “pandemia.”

“É uma missão especial, ressaltou Nkubito e avançou ainda que “isto porque, existe um problema especial em São Tomé e Príncipe. Se vocês tiverem uma seleção forte e com todos os meios (…) vocês também terão uma equipa de arbitragem. Como vocês veem pequenos Países como Ruanda e Burundi. São pequenos Países estão em CAN (campeonato africano das nações de futebol), e Copa do Mundo os arbitro estão lá “assegurou

 São Tomé e Príncipe encontra-se na posição 187 na ranking da FIFA, e conta oito árbitros internacionais sendo quatro centrais e quatro assistentes. O campeonato de futebol em São Tomé e Príncipe, demora entre seis há sete meses e é disputado entre 38 clubes da primeira segunda e terceira divisões.

“Existem problemas a vários níveis”, destacou a começar pela administração depois vamos falar com os dirigentes, para encontramos uma solução (…). Vocês ficam a espera é uma questão política”.

“Ao nível da arbitragem temos dois níveis. Ao vosso nível vocês instrutores, os assessores os dirigentes de árbitros. Nós queremos vos ver noutro nível, nós não vos vemos em CAN e ou na copa do mundo. Nós não vemos árbitros.” sublinhou. A subvenção anual da Fifa e da Caf para sua congénere são-tomense está avaliada em cerca de 1 milhão de dólares.

Ramusel Graça

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